Milan Kundera

Milan Kundera

Milan Kundera escritor tcheco, exilado na França, conhecido mundialmente pelo seu livro “A insustentável leveza do ser.”

Naturalizado francês desde 1981, a sua cidadania tcheca fora revogada em 1979. Somente em 2019 uma nova cidadania tcheca lhe foi fornecida.

República techa

Nascido na República Tcheca, Kundera satirizou regimes totalitários e misturou ironia sombria com reflexões filosóficas, com a finalidade de explorar a condição humana.

 Autor de “A insustentável leveza do ser”, ganhou elogios por seu estilo de retratar temas e personagens que flutuavam entre a realidade mundana da vida cotidiana e o mundo elevado das ideias.

Esta obra, a mais famosa, teve o movimento de liberalização intitulada: Primavera de Praga, como pano de fundo. Passou por Zurique e Genebra e ganhou leitores do mundo inteiro.

 Seu primeiro romance, “A Brincadeira”, relatou o regime comunista com ironia. O livro foi retirado das prateleiras no seu país natal, a então Tchecoslováquia.

Diante da pressão soviética, o escritor procurou exílio em 1975. Perdeu sua nacionalidade e ganhou a francesa.

Raramente dava entrevistas e acreditava que os escritores deviam falar através do seu trabalho.

Seu primeiro romance “The Joke”, publicado em 1967, ofereceu um retrato contundente do regime comunista da Tchecoslováquia. Surgido em uma época em que os reformadores tchecos buscavam estabelecer um “socialismo com rosto humano”, o romance foi o primeiro passo na trajetória de Kundera de membro do partido a dissidente exilado.

Em 1976, ele declarou ao jornal francês Le Monde, o qual chamou suas obras de políticas, que isso era simplificar demais, portanto, obscurecer seu verdadeiro significado.

Kundera e sua mulher Vera

Um ano antes, Kundera foi colocado na lista negra após criticar a invasão soviética de 1968 e finalmente forçado a imigrar, com sua esposa, Vera, para a França, onde acabou se tornando cidadão.

Seu primeiro romance como imigrado foi “O livro do riso e do esquecimento”, em 1979, uma história escrita em sete partes, a qual mostrava o poder dos regimes totalitários de apagar partes da história e criar um passado alternativo.

Embora não seja tão conhecido como “A insustentável leveza do ser” e publicado 5 anos depois, o livro consolidou a reputação de Kundera como um importante romancista. Isto lhe custou a cidadania tchecoslovaca. Somente recuperou seu passaporte tcheco em 2019.

“O livro do Riso e do Esquecimento” se autodenomina um romance, embora seja: parte, conto de fadas, parte, crítica literária, parte, tratado político, parte, musicologia e parte, autobiografia, escreveu o “The New York Times” em uma crítica, “ele pode se chamar do que quiser, porque o todo, é um gênio.”

BRNO  –  Morávia

Nascido na capital da Morávia, em Brno, no dia primeiro de abril de 1929, filho de um musicólogo, Kundera começou a escrever poemas no Colégio e estudou na Charles University em Praga, após a Segunda Guerra Mundial.

Charles university em Praga

A Morávia é uma região da Europa Central que constitui atualmente a parte oriental da República Tcheca. Seu nome vem do rio Morava, às margens do qual um grupo de eslavos se estabeleceu por volta de 500 d.C. Os morávios falam diversos dialetos do tcheco.

Brno é a segunda maior cidade tcheca, onde o frade agostiniano Gregor Mendell (1822-1884) desenvolveu a genética com seu famoso experimento de cruzamento de ervilhas. Sim, foi aí que ocorreu, e dá mesmo para visitar o jardim onde tudo aconteceu.

BRNO (cidade natal de Kundera)

Como muitos jovens de sua idade, ingressou no Partido Comunista, mas depois foi expulso.

Durante a década de 1960, estudou em uma Academia de cinema onde seus alunos incluíam Milor Forman, que estava entre os criadores dos filmes tchecos da Nouvelle Vague.

Durante seu exilio na França o autor manteve uma relação fria com a sua antiga pátria, escrevendo suas novas obras em francês e até impedindo que alguns dos seus romances fossem traduzidos para o tcheco.

Certa vez ele disse a um entrevistador que se considerava francês e não um imigrado.

Porém, Kundera nunca perdeu a conexão com seu país de origem e muitos dos seus livros ocorreram em sua nação natal.

Ele, raramente fazia visitas públicas à sua casa, depois que a Revolução de Veludo de 1981, derrubou o regime comunista, preferindo, em vez disso, entrar silenciosamente no país para visitar amigos e familiares.

Traduzido para mais de 20 idiomas, Kundera ganhou vários prêmios literários, incluindo o Prix Europa- Literatura pelo conjunto de sua obra.

Em 1973, seu “Life is Elsewhere”, ganhou o cobiçado Prix Medicis da França, de melhor romance estrangeiro. “Farewell Party”, uma farsa sexual moderna ambientada em um spa do leste europeu, ganhou o Prêmio Mondello da Itália em 1978.

Foi indicado, várias vezes, para o prêmio Nobel de literatura, porém, jamais o recebeu.

Ao receber o Prêmio Jerusalém em 1985, Kundera disse: ”Agrada-me pensar que a Arte do romance veio ao mundo como o eco do riso de Deus”.

Kundera explicou o que o motivava como escritor e seu desdém pela autorreflexão em uma entrevista ao New York Times no mesmo ano. “Só uma obra literária que revela um fragmento desconhecido da existência humana tem uma razão de ser”, disse ele na entrevista. “Ser escritor não significa pregar uma verdade, significa descobrir uma verdade”.

O escritor tcheco Milan Kundera, que viveu quase cinco décadas em Paris, morreu aos 94 anos no dia 11 de julho de 2023. Sua morte foi informada no dia 12 de julho por Anna Mrazova, porta voz da Biblioteca Milan Kundera, na cidade de Brno, na Morávia, que abriga a coleção pessoal de Kundera.

Morreu em seu apartamento em Paris, após uma longa doença.

“A insustentável leveza do ser”, é considerado um dos principais romances do século XX.

Ao comentar a morte de Kundera, que esperou 40 anos para receber de volta a nacionalidade tcheca, o Presidente do país resumiu: “A perda é grande, porém seus livros e a riqueza de suas ideias permanecerão.”