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Marianne:     Deusa da Liberdade

Marianne:     Deusa da Liberdade

Foto do quadro de Délacroix

 Antes de Marianne se tornar o símbolo da República, ela era a Deusa da Liberdade e usava trajes romanos, segurando um barrete frígio vermelho no topo de uma lança.

O barrete frígio, também conhecido como “gorro da liberdade” é um símbolo dela, da revolução e república, especialmente ligado à Revolução Francesa. Sua origem remonta à antiga região da Frígia, na Ásia Menor e foi adotado como símbolo de libertação, tanto na Grécia quanto em Roma Antiga por escravos libertos.

Frígia na Ásia Menor

Um gorro deste tipo era também usado pelos marinheiros condenados nas galés do Mediterrâneo e teria sido usado pelos revolucionários. É necessário perceber a importância do mesmo.

                 

Selos com Marianne

Encontramos a imagem de Marianne em selos simples e oficiais. Bustos esculpidos dela adornam prefeituras e prédios públicos por todo o país. Qualquer francês pode reconhecê-la facilmente, porém ninguém consegue descrever exatamente sua aparência.

Sua história é interessante:  Quando a Revolução Francesa começou em 1789, o povo francês buscou inspiração na Deusa da Liberdade em sua luta.

Mais tarde, os revolucionários adotaram seu barrete vermelho, o qual tornou-se um símbolo da Revolução.

A República francesa

Após a queda da antiga ordem, a França precisava de uma nova forma de governo e foi então que a República Francesa foi formada em 1792. Como não havia mais um Rei, o novo governo precisava de um símbolo para substituir sua imagem no selo oficial. Foi então que decidiram empregar a Deusa da Liberdade para representar a República. 

No novo selo do Estado, ela era mostrada em pose tradicional, com trajes romanos e segurando um barrete frígio, vermelho, da Liberdade, no topo de uma escada. A sua esquerda havia um feixe de varas com um machado preso, chamado fasces, outro emblema da época romana.

Era carregado pela guarda pessoal do magistrado e simbolizava seu poder de executar punições, seja espancamentos com as varas ou por decapitação com o machado. Este se provaria um símbolo extremamente relevante para os tempos sangrentos que viriam.

Cada imagem do Rei foi substituída por uma imagem da Deusa da Liberdade, a nova face da França e abaixo dela as palavras “República Francesa “.

Logo o povo começou a chamar a imagem de Marianne. Ninguém sabe dizer por que ou como isso começou, porém, o nome permaneceu.

Reinado do Terror

Tempo do Terror

A Primeira República teve um início bastante conturbado e foi quase imediatamente lançada no terrível Reinado do Terror.

Devido às divergências políticas, estima-se que aproximadamente 40.000 pessoas foram executadas. Muitas foram levadas à guilhotina, que alguns chamaram de “navalha nacional” da França.

                     

 

Com o tempo, a imagem de Marianne, representada no selo, transformou-se da dama empunhando um machado, em uma figura maternal, serena, na esperança que isso acalmasse e confortasse seus “filhos”.

No calendário de 1793, ela foi retratada usando um barrete frígio. A lança que o segurava, havia desaparecido, assim como todas as armas e ela é retratada calmamente, lendo um livro, cercada por símbolos de conhecimento. Ela era então, o modelo de uma República que ansiava por Liberdade, Paz e Esclarecimento.

A Primeira República

A Primeira República durou apenas 12 anos, terminou em 1804, quando Napoleão Bonaparte tornou-se Imperador.

Como não existia mais República, Marianne deixou de ser necessária como seu símbolo, voltando a ser simplesmente uma representação de Liberdade. O Pintor Eugène Delacroix  a retratou em uma das suas pinturas mais ícones da França. “La Liberté Guidant le Peuple”  – A Liberdade guiando seu povo.

Marianne guiando o povo

 

Segunda República

1848-1852 – Após a Terceira Revolução em 1848, foi formada a Segunda República. O novo Governo declarou que a imagem da Liberdade deveria substituir em todos os lugares as imagens de corrupção e vergonha… O status de Marianne, como símbolo do Estado foi restaurado e agora ela representava, de fato, a Liberdade, a República e a Revolução.

Napoleão III

Quando Luís Napoleão Bonaparte, ou seja, Napoleão III, foi eleito Presidente da Segunda República, ele tornou-se Imperador e a República caiu no esquecimento.

Terceira República

1870-1940 – No momento em que Napoleão III foi capturado pelos Prussianos em 1870, a Terceira República foi formada e Marianne retornou, desta vez, para sempre!

Quarta e quinta República

A quarta e quinta Repúblicas seguiram a libertação da França, após a Segunda Guerra Mundial.

Nunca houve uma imagem oficial de Marianne, então os artistas são livres para inaugurá-la como quiserem, assim como os prefeitos para escolherem a versão que mais lhes convier, para enfeitar suas prefeituras.

Historicamente suas representações eram anônimas, ela representava todas as filhas da República. Ao longo dos anos, seu rosto assumiu a forma de Brigitte Bardot, Catherine Deneuve, Inès de La Fressange, Laetcia Casta, Sophie Marceau, e muitas outras.

Bustos de Brigitte Bardot   

 Marianne está diretamente ligada com a República Francesa. Embora a Constituição de 1958 tenha privilegiado a Bandeira Tricolor (azul, branco, e vermelho) como emblema nacional, Marianne é a personificação da República Francesa.

Bandeira da França

 Esta mulher audaciosa, valente, segurando a bandeira da França, esta bandeira tricolor chamando os homens para a luta, para a Revolução, é ela que representa a República Francesa.

A origem desse nome Marianne não é conhecida com exatidão. Nome muito difundido no século XVIII, Marie  Anne, representava o Povo, porém, os contos revolucionários contam que chamavam assim, de forma zombeteira a República. Chamavam a República de Marie Anne.

Durante a Terceira República as estátuas e sobretudo os bustos de Marianne multiplicaram-se, particularmente nas prefeituras, onde aparecem vários tipos de representações conforme o caráter revolucionário ou pacífico de Marianne.

Esta é mais uma curiosidade para vocês, queridos leitores!

Helena Landell

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