Castelos Cátaros

Castelos Cátaros

Indo diretamente aos castelos de Lastours, em plena montanha Negra, não há apenas um, mas quatro Castelos com vista para o rio, com mais de 300 metros de altitude. As quatro cidadelas de Cabaret, Surdespine, Quertinheux e Tour Régine, parecem estar suspensas no vazio.

Em 1208 o Papa iniciou uma cruzada para acabar com os hereges que se tinham instalado no Languedoc. Os senhores feudais do Midi assumiram a posição de batalha, exceto Trencavel, Béziers, Carcassonne e Albi, feudo dos cátaros que ofereceram resistência. Após a tomada de Béziers e o massacre da população, o principal inimigo dos cruzados refugiou-se em Carcassonne. Foi então que começou o cerco.

Béziers - Catedral de Saint-Nazaire

Grande jogada de Carcassonne

No país cátaro, Carcassonne e suas muralhas constituem uma etapa imprescindível. A lenda da Dama de Carcas diz que ao encontrar-se sozinha ao comando da cidade cercada há 5 anos pelos homens de Carlos Magno, mandou verificar a reserva de comida. Um leitão e um saco de trigo era tudo o que havia. Como última jogada mandou empanturrar o animal antes de atirá-lo da Torre. E… funcionou. Carlos Magno ao ver o leitão completamente abarrotado julgou desnecessário continuar o cerco a uma cidadela que podia dar-se ao luxo de empanturrar os animais de tal maneira.

A cidade de Carcassonne é um dos locais mais importantes onde se situa o Château Comtal, apelidado “Fortaleza dentro da Fortaleza“. As imponentes fortificações da cidade testemunham a sua riqueza arquitetônica e histórica. De fato, uma verdadeira joia, a Cidade conhece a influência de vários séculos. A vista é indescritível, panorama sobre a baixa cidade, a Montanha Negra e os Pireneus.

A história fascinante de Montségur na França.

As ruinas que vemos hoje são chamadas de Montségur III pelos arqueólogos franceses, porém o layout da fortaleza permanece o mesmo, já que Montségur tem uma história trágica que remete aos anos 1220 e a um período em que se você discordasse das ordens da Igreja Católica, era um bilhete só de ida para as figuras da Inquisição.

Esta fortaleza é considerada uma das principais fortificações dos Cátaros, hereges cristãos que resistiram aos ataques das forças apadrinhadas pelo Vaticano.

Porém, apesar de estarem em ruinas, muitas das paredes que formam o perímetro de Montségur são de períodos após a Cruzada Albigense (1209-1229), o que prova que, por várias vezes, reformas foram feitas para manter esta posição estratégica no sul da França.

Em 1204, Raymond de Péreille, um dos únicos “senhores” cátaros de Montségur, declarou que reconstruiria o forte abandonado, desde 1182 ou mais, e que seria o baluarte da resistência Cátara no condado de Toulouse, que abrangeria quase todo o sul da França.

Em 1233, tornou-se o centro teológico e ideológico dos Cátaros, atraindo a ira do Vaticano e a cobiça por terras que os Reis franceses tinham. Em 1242 Hugues des Arcis comandou uma tropa de 10.000 soldados e em nome do Rei da França e do Papa massacraram 100 defensores, 211 monges cátaros e muitos refugiados civis que lá estavam. O cerco do Castelo caiu em março de 1244 e aproximadamente 200 cátaros foram queimados vivos, (em uma fogueira, centenas de cátaros se atiraram, pois recusavam-se a renunciar sua fé.)   A epopeia cátara foi sangrenta até o fim.  Após esta vitória as fortificações cátaras foram tomadas pelas forças francesas que as reconstruíram ao longo de 3 séculos.

O Castelo fica a 1200 metros acima do nível do mar e foi tombado como monumento histórico pelo Ministério da Cultura francês em 1862.

Castelo de Quéribus (Aude=departamento do sul da França)

Está situado a 728 metros acima do nível do mar. Sua posição estratégica não era insignificante quando se sabe que se trata de um antigo ponto da resistência cátara.

Majestoso e indomável, o castelo cátaro abre as portas para visitas.

Castelo Lordat

Eminente e notável o castelo de Lordat oferece um panorama de tirar o fôlego no vale do Ariège.

Situada em um esporão rochoso a fortaleza medieval reflete um passado doloroso. Região profundamente marcada pela heresia cátara.

Era um lugar chave do condado de Foix e o castelo existia desde o começo do século XI.

A cidadela não foi ameaçada pelas cruzadas mas serviu de refúgio para os Cátaros e lá em Lardat existia um cemitério cátaro. Reforços partiram de Lardat para Montségur.

O castelo conservou seu donjon e traços de suas três muralhas.

Donjon é a torre mais alta de um castelo forte, na Idade Média, destinado a servir, ao mesmo tempo, de ponto de observação, e lugar para atirar contra o inimigo, e o último refúgio se o resto da fortificação viesse a ser tomada. Após a queda de Montségur em 1244, serviu de asilo para os últimos cátaros que foram gradualmente dizimados.

Castelo de Puivert

É sem dúvida um dos castelos cátaros mais conhecidos da França. De fato, não muito longe de Puylaurens é a fortaleza mais cinematográfica do país. O recinto medieval tem sido usado como cenário para vários filmes como La passion de Béatrice de Tavernier, Neuvième Porte de Roman Polanski. Além de ser um local de filmagem, o castelo de Puivert é muito bem preservado.

Atualmente a sua orgulhosa torre testemunha um passado.

Para chegar a este reduto do Catarismo deve-se tomar o caminho dos trovadores que o levará de volta ao passado.

É preciso lembrar que os Trovadores surgiram com o Catarismo, através da poesia e da música.

Em 1170 houve uma reunião de trovadores e Peire d´Auvergne conservou  suas lembranças em seus versos. Ele compôs, ao som de seu instrumento musical entre cantos e risos, em uma reunião de um casamento principesco, de Alphonse VIII de Castille e Aliénor.

O século XII viveu o apogeu de uma literatura da Corte onde o amor humano tornou-se o tema privilegiado esquecendo, talvez, o amor divino.

Castelo de Villerouge – Termenès

Não muito longe de Carcassonne, encontra-se este castelo, um dos mais belos da região. Totalmente restaurada, esta fortaleza defensiva domina a vila medieval abaixo, bem como a paisagem vitícola.

O Castelo de Villerouge- Termenès foi o lugar do sacrifício de Guillaume Bélibaste considerado o último Perfeito. Nasceu em Cubières, não muito longe de lá, por volta de 1280. Levou uma vida errante após ter matado um pastor de ovelhas que queria denunciá-lo como Cátaro.

Indicado por Philippe d´Allairac, tornou-se Perfeito. Preso a primeira vez fugiu de Carcassonne, depois se instalou na Catalogne. Talvez, para melhor dissimular, viveu com uma mulher, contra as regras que impunham aos Perfeitos. Voltou para a França a fim de levar seu apoio aos Cátaros, mas foi denunciado por um deles que informava a Inquisição.

Restaurada, mas ainda mergulhada na história, este castelo traça o destino do último sobrevivente cátaro, Bélibaste que foi queimado no dia 24 de Agosto de 1321.

As lembranças deste último Perfeito é objeto de evocações históricas.

Detalhe gourmet: o castelo oferece um restaurante (rotisseria medieval) onde pode-se saborear receitas da Idade Média.

Impossível visitar a Occitânia sem invadir as fortalezas cátaras. Não se pode perdê-los! Dominando planícies e cidades majestosas apesar das marcas dos tempos, estas ruinas refletem a história trágica de uma região marcada pelas cruzadas e guerras de religião do século XIII.

No meio de um cenário natural, espetacular, vive-se uma experiência inesquecível visitando muitos castelos cátaros da região Occitânia.

A Santa Inquisição

A Santa Inquisição, também chamada de Santo Ofício, foi um tribunal formado pela   Igreja Católica Apostólica Romana, cujo objetivo era combater a heresia, blasfêmia, bruxaria, costumes considerados como desvios das normas de conduta.

Violência, tortura, ou a simples ameaça da sua aplicação foram usadas pela Inquisição para extrair confissões dos hereges.

Começou no século XIII na França para combater movimentos religiosos vistos como heréticos, em particular em relação aos Cátaros e Valdenses.

Os Valdenses foram um grupo herético surgido na Europa, no século XII, a partir das pregações do mercador Pedro Valdo. Eles questionavam o poder e a riqueza da Igreja e a heresia valdense chegou a espalhar-se por todas as partes da Europa.

Foi em 1231 quando o Papa Gregório IX preocupado com o crescimento de seitas religiosas, criou um órgão especial para investigar os suspeitos de heresia. Qualquer um que professasse práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado “herege”. A mais comum era a excomunhão, embora a tortura já fosse autorizada pelo Papa para arrancar confissões desde 1252.

A partir da década de 1250, os inquisidores eram geralmente escolhidos entre os membros da Ordem Dominicana  para substituir a prática anterior de utilizar clérigos locais como juízes .

Havia, naquele tempo os auxiliares da Inquisição que ajudavam na caça aos suspeitos funcionando como espiões, o que tornava mais eficiente o trabalho dos inquisidores.

Naquela época o catolicismo dominava a Europa, porém, a Igreja estava preocupada com o crescimento de outras seitas.

Assim sendo o Papa Gregório criou um órgão para investigar os suspeitos de heresia. Qualquer pessoa que apresentasse uma atitude suspeita, poderia ser condenada às mais diversas punições, desde ser preso sem comida por alguns dias até instrumentos de torturas horríveis e morte na fogueira.

Cientistas, mulheres que usavam plantas para a cura de doenças, judeus, e qualquer pessoa que ousasse desafiar a Igreja Católica poderia ser considerada herege. Dessa maneira, milhares de pessoas sofreram com a Inquisição, sendo grande parte morta.

Este tribunal teve longa duração.

Pessoas escrevem a História e cada uma sob o seu ponto de vista. E assim é certo que muitas erraram em nome de Deus!