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Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
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Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

   

A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (ETMM) é uma ferrovia no atual Estado de Rondônia, no Brasil. É considerada como um ícone ferroviário mundial.

Foi a 15ª ferrovia a ser construída no país, tendo suas obras sido executadas, efetivamente, entre 1907 e 1912. Estende-se por 366 quilômetros na Amazônia, ligando Porto Velho a Guajará -Mirim, cidade fundada pela EFMM.

                   

Porto Velho e Guajará -Mirim

A EFMM foi inaugurada em primeiro de agosto de 1912. A construção da Ferrovia fazia parte do tratado de Petrópolis, selado com a Bolívia em 1903, após a compra do território boliviano pelo Brasil. O território do Acre até então pertencia a Bolívia.

O “combinado” no tratado foi construir a Ferrovia Madeira-Mamoré em um prazo de 4 anos. A ideia era promover o progresso, porém diversos incidentes ocorreriam a seguir, dando à ferrovia a fama conquistada.

Conhecida como “Ferrovia do Diabo”, a EFMM  teve seu último trecho finalizado no dia 30 de abril de 1912 e possui um histórico bastante sombrio.

Segundo informações da Biblioteca Nacional, milhares de pessoas perderam suas vidas enquanto trabalhavam na construção dessa ferrovia. Isto ocorreu devido à insalubridade, à fome e às inúmeras doenças que os acometiam como a malária e desinteria. Não havia medicamentos para tratar os doentes e as condições de trabalho eram precárias.

Durante 40 anos as obras começaram e foram interrompidas por várias vezes.

A primeira frente de trabalho teve início em 1872 e era liderada por uma empresa inglesa. Durou apenas 10 meses.

     

A segunda, sob o comando de uma companhia de engenharia dos Estados Unidos, chegou ao local 6 anos depois e resistiu por um ano.

Após duas tentativas fracassadas para a sua construção no século XIX, espalhou-se o mito de que, mesmo com todo o dinheiro do mundo e metade de sua população trabalhando em suas obras, seria impossível construí-la.

Percival Faguhar

A estrada foi finalizada pelo grupo do megaempresário norte-americano Percival Farguhar que aceitou o desafio e teria afirmado “…vai ser o meu cartão de visitas”.

Foi a primeira grande obra de engenharia civil estadunidense, fora dos Estados Unidos.

O idioma oficial era o inglês, a documentação da MM, toda em inglês e o primeiro jornal impresso em Porto Velho era o The Porto Velho Times.

Com base naquela experiência, para amenizar as doenças tropicais que atingiam parte dos mais de 20.000 trabalhadores de diferentes nacionalidades,

Farguhar garantiu para o Brasil a posse da fronteira com a Bolívia e permitiu a colonização de vastas extensões do território Amazônico a partir da cidade de Porto Velho, fundada em 4 de julho de 1907.

Nos 10 primeiros anos, apenas 6 quilômetros de trilhos foram assentados. Os principais obstáculos para a viabilização do projeto, eram as doenças que assolavam a região e o ataque dos índios. As dificuldades eram muitas, o acesso era difícil e as condições climáticas favoreciam a contaminação por doenças infecciosas fatais.

Para tentar proteger os operários das doenças, o empresário americano contratou o sanitarista Oswaldo Cruz. Criou uma estrutura médico hospitalar e sanitária, mas não conseguiu evitar milhares de mortes ao longo de mais de 5 anos de obras.

Oswaldo Cruz

O objetivo era construir uma estrada de ferro que atravessasse os estados do Amazonas e Rondônia, passando pela fronteira de Mato Grosso, o que seria um grande passo para a indústria do látex, produto que na época era chamado de ouro branco.

Também pensou-se na construção de uma estrada de ferro, devido a existência de muitas cachoeiras que impediam a navegação.

Pessoas de várias nacionalidades participaram da construção da ETMM. Fala-se em enorme quantidade além do Brasil, havia americanos, ingleses, franceses, italianos, russos, alemães, portugueses, dinamarqueses, cubanos, bolivianos, peruanos venezuelanos e outros mais.

Em 2011, o Governo do Estado de Rondônia condecorou in memoriam com a comenda Marechal Rondon, Percival Farguhar e os 876 americanos que comandaram a construção da ferrovia.

Em 2012, comemorou-se o centenário da sua inauguração.

História

A ideia da ferrovia nasceu na Bolívia em 1846, quando o engenheiro boliviano José Augustin Palácios convenceu as autoridades locais de que a melhor saída do seu país para o Oceano Atlântico seria pela bacia Amazônica.

O pensamento do engenheiro justificava-se na dificuldade para transpor a Cordilheira dos Andes e na distância do Oceano Pacífico dos mercados da Europa e dos Estados Unidos.

Foi então que em 1851, o governo dos Estados Unidos interessado na melhor saída para a importação de seus produtos, contratou o tenente Lardner Gibbon para estudar a viabilidade do empreendimento via rio Amazonas.

Lardner Gibbon

Em 1852, Gibbon conclui o trajeto Bolívia -Belém descendo pelo lado boliviano, os rios Guaporé, Mamoré, Madeira e Amazonas, ratificando a ideia de Palácios, quando demonstrou que uma viagem dos Estados Unidos para La Paz pelo caminho dos rios Amazônicos, com o advento de uma ferrovia margeando as cachoeiras do rio Madeira demoraria 59 dias contra os 180 dias pelo Oceano Pacífico que, além da distância, somava a dificuldade de contornar o Cabo Horn.

Posteriormente, em 1903 o Brasil assinou com a Bolívia o tratado de Petrópolis. O Brasil ganhou o Território do Acre em troca da construção da Ferrovia que iria ligar Porto Velho a Guajará Mirim.

Mapa Porto Velho e Guajará- Mirim

O seu objetivo principal era vencer o trecho encachoeirado do rio Madeira para facilitar o escoamento da borracha boliviana e brasileira além de outras mercadorias, até um ponto onde pudesse ser embarcada para exportação, no caso Porto Velho. Lá, as mercadorias seguiam por via fluvial, pelo mesmo rio Madeira e então pelo rio Amazonas até o Oceano Atlântico.

Anteriormente esses produtos eram transportados com precariedade em carroças indígenas, sendo obrigatória a transposição das cachoeiras no percurso.

No início de 1907 o contrato para a construção da ferrovia foi encampado pelo empreendedor estadunidense Percival Farguhar. O último trecho da ferrovia foi finalmente concluído em 12 de junho de 1912, ocasião em que se registrou a chegada da primeira composição à cidade de Guajará -Mirim, fundada nessa mesma data. No dia 7 de setembro de 1912, a EFMM foi inaugurada.

A ferrovia gerou lucros apenas nos dois primeiros anos de atividade, uma vez que houve queda considerável da participação brasileira no mercado da borracha, tendo em vista que a Ásia oferecia um produto de boa qualidade e fácil extração. Isso fez com que as atividades de Farguhar entrassem em falência.

     

 Locomotiva Baidwin

A primeira locomotiva a operar na estrada foi uma Baidwin. Ela entrou em circulação em 4 de julho de 1878, data em que inaugurou o trecho inicial de 6 quilômetros de ferrovia. No dia da inauguração do primeiro trecho o trem descarrilhou em uma curva, um mau presságio. A empresa faliu e o projeto foi abandonado.

Nota: Dada a vastidão do assunto, continuarei na próxima sexta-feira.

 

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