Rocamadour

Rocamadour é uma comuna do sudoeste da França, situada no departamento do Lot na região Midi-Pireneu, no vale da Dordogne. “ Roc Amator” = amante das rochas.

A cidade foi construída, em etapas sucessivas, sobre um penhasco. Ela se agarra acima de um desfiladeiro de onde flui o rio Alzou. Suas casas, seus telhados e suas igrejas parecem fazer parte de uma rocha que sai do planalto de calcário e que se estende entre dois vales.

 Já na Idade Média, Rocamadour despertava a admiração de visitantes. No século XII, peregrinos viajavam de vários pontos da Europa para lá rezar.

A cidade é um ponto turístico e também de peregrinação.

Segundo a tradição, lá viveu o eremita Zaqueu de Jericó, morto por volta de 70 DC, que amava as rochas, tendo cavado um eremitério (morada cavada na rocha por eremitas) em uma delas. Este Zaqueu não seria outro, senão o pequeno Zaqueu que subiu no alto de um sicomore  (árvore de um significado mítico) para ver passar Jesus.

Saindo da Basílica, nosso olhar é conduzido para um nicho cavado na falaise, é o túmulo de Santo Amador que foi descoberto intacto; sabe-se pela ciência que ele está inteiro e jamais foi apodrecido. A princípio colocado sob uma pequena capela e hoje está protegido por uma grade de ferro forjado.

Levantando os olhos percebemos uma grosseira espada em ferro, cravada no rochedo. Caso se acredite, na lenda, esta espada não seria outra que aquela de Roland.        

Rocamadour, orgulhosa de seu passado, parece desafiar os séculos e conserva, religiosamente, sua antiga e real majestade. Desde os tempos mais remotos de nossa história, ela foi frequentada por toda a cristandade, desde os mais humildes até Reis. Rolland, Charlemagne, Saint Louis, Louis XI, Henri II d´Angleterre, entre tantos outros, subiram de joelhos seus santuários para se inclinar ao pé da Senhora!

Queimada, pilhada, devastada por várias vezes ( Guerra dos Cem Anos,  Guerras de Religião, Revolução, etc…) Rocamadour ressurgiu mais viva ainda de suas ruinas e junto à sua rocha parece suportar as adversidades.

Hoje, do mundo inteiro, peregrinos e turistas para lá se dirigem e são cada vez mais numerosos para rezar na paz. No  recolhimento místico desse lugar, um dos mais belos da Europa, sente-se uma alegria imensurável.

Não é exagero pretender que além do aspecto incrível desta junção, superposta ao rochedo, e de velhas construções a vista do conjunto dos séculos XI, XII e XIII  se impõe.

A cidade medieval, com sua rua tortuosa, é guardada por uma série de portas fortificadas: Porta Salmon, de l´Hôpital et du Figuier.       

Entra-se na cidade pelo portão Figuier (da Figueira) antes de seguir pela rua Couronnerie, a única rua de Rocamadour que é repleta de lojas coloridas e de belas mansões.

         Chega-se então, diante de uma escadaria monumental, de 233 degraus. Ele vai até o coração de Rocamadour, um átrio onde se aglomeram, tais como se fossem antigos abrigos sob rochas, oito igrejas e capelas.

Em 1953 foi colocado um elevador para que pessoas, com dificuldade de subir tantos degraus, pudessem chegar ao alto e desfrutar do passeio sem cansaço, vindas da cidade, chegando aos santuários. Em 1989, este elevador foi aumentado e modernizado.

 Há também um trenzinho, que sobe do vale até á cidade; assim, para maior conforto do visitante, são servidos os níveis: vales, cidade, santuários e muralhas. É necessário lembrar que carros não podem entrar na cidade!

Algo a não perder: a capela de Notre Dame, onde você descobrirá a Virgem Negra, pequena imagem, preta, frágil, quase infantil, que no  entanto, emana uma incrível força espiritual!

 Conta a lenda que um lenhador, a partir de um pedaço de madeira, esculpiu a Virgem e o Menino Jesus e colocou a escultura no bosque. Muitas e muitas pessoas A visitavam e ali colocavam velas, que eram acompanhadas de suas preces. A fumaça dessas fez com que, pouco a pouco, a imagem fosse escurecendo, daí a cor escura da imagem, que após foi  levada para a capela, hoje Capela de Notre Dame.

 Não deixe de passar ao redor do castelo superior. Do alto deste mirante abre-se um panorama vertiginoso sobre a cidade sagrada, uma mistura de ousadia e serenidade.

A igreja de Saint Sauveur e a cripta de Saint Amadour estão listados como Patroimônio Mundial da Unesco, por sua importância de peregrinação, assim como a de Santiago de Compostela.

Foi a partir de 1166 que Rocamadour se tornou um dos centros de peregrinação mais procurados pelos fiéis.

 Rocamadour, também chamada “Cidade da Fé”, é um dos centros turísticos mais visitados da França. Tem um milhão e meio de visitantes por ano, após o Monte São Michel, a cidade de Carcassonne, a Torre Eiffel e Versailles.

Hoje ainda, fiéis sobem as escadas com seus terços na mão.

Infelizmente pessoas que chegam, vindas muitas vezes de longe, se contentam com uma olhada geral ou, talvez, mal informadas, não visitem o essencial.

 É pela manhã que você descobrirá em Rocamadour o jogo de luzes, sendo o momento mais favorável para o passeio.

Finalmente, se você tem possibilidade, venha visitar a região na primavera ou no outono; a natureza e os bosques se vestem de suas mais belas cores e você jamais se lamentará de ter escolhido esta temporada!

 Bom passeio!

A autora gostaria de sugestões para novas matérias. Maria Helena Landell – fone: (11)99630-6438 ou helena.landell@gmail.com