Tapeçaria – parte I
A Tapeçaria é uma forma de Arte Textil antiga, com origens que remontam à antiguidade, tendo sido praticada por diversos povos em diferentes países do mundo, como Egito, Mesopotâmia, Grécia, Roma, Pérsia, Índia e China.
Todavia, a tapeçaria floresceu na Europa durante a Idade Média e o Renascimento, com destaque para a França.
A tapeçaria francesa tem uma rica história que remonta à Idade Média, com marcos importantes durante o Renascimento e o período barroco, especialmente com a criação da manufatura dos Gobelins a qual tornou-se o centro de produção das tapeçarias de alta qualidade.
Tapeçaria Gobelin
A técnica com raízes em diversas culturas, ganhou destaque na França, com centros de produção em Paris, Flandres e outras regiões, produzindo obras famosas como a Tapeçaria do Apocalipse.
Tapeçaria Apocalipse
Na Idade Média, a tapeçaria era uma forma de Arte e comunicação visual, com destaque para a Tapeçaria de Bayeux, a qual narra a conquista normanda na Inglaterra.
Tapeçaria de Bayeux
Esta Tapeçaria é um bordado em linho do século XI que narra a conquista Normanda na Inglaterra, focando na Batalha de Hastings, em 1066. A Tapeçaria, com quase 70 metros de comprimento e 50 centímetros de largura, retrata cenas da invasão liderada por Guilherme II, o Conquistador da Normandia, desafiando Haroldo II, Rei da Inglaterra, eventos que a antecederam, e culminando com a Batalha de Hastings.
Esse trabalho foi encomendado por Odo, bispo de Bayeux, meio irmão de Guilherme, por volta de 1070, a fim de celebrar a Conquista Normanda na Inglaterra.
Embora atualmente esteja na França, acredita-se que a mesma, tenha sido produzida na Inglaterra, possivelmente em Canterbury, onde havia uma escola de bordado conhecida por seu estilo semelhante. Ela retrata navios vikings, cenas de batalha, animais místicos e figuras de época, com destaque para a Batalha de Hastings e a morte do Rei Haroldo.
É um documento histórico valioso o qual oferece detalhes sobre a época, a tecnologia da mesma e a cultura medieval.
Bordada com lã sobre linho, a Tapeçaria é composta com cenas variadas, bordadas e com as bordas com imagens diversas.
O estilo artístico é conhecido por ter sido desenvolvido em Canterbury durante o século XI. Ela não só narra a história, como também detalha a indumentária, as armas, os equipamentos agrícolas e as cenas do cotidiano da época.
As bordas do trabalho apresentam animais mitológicos, como leões, dragões e outras criaturas, além de cenas de caças, agricultura e fábulas de Esopo.
Os artistas diferenciaram os normandos dos ingleses, na tapeçaria com os ingleses apresentando bigodes e cabelos compridos e os normandos com barba e cabelo curto.
Tapeçaria de Bayeux
Atualmente a Tapeçaria de Bayeux está exposta no Museu Bayeux, na França. Ela é um dos documentos históricos mais famosos e reconhecíveis no mundo, contando a história da Conquista Normanda.
No Renascimento, a Escola de Fontainebleau, sob o patrocínio de François Premier (Francisco Primeiro) , produziu tapeçarias finas impulsionando a fama da Arte francesa.
Na época do Barroco, a manufatura dos gobelins, fundada no século XVII, tornou-se o principal centro de produção de tapeçarias para a Corte francesa, produzindo obras para palácios e presentes diplomáticos.
Em 1664, foi fundada a Manufatura de Beauvais, a qual se tornou um importante exportador de Tapeçarias especializadas na tecelagem de baixa urdidura (é um termo usado na indústria têxtil, para descrever o processo de separação de fios que serão utilizados na tecelagem. É uma etapa fundamental para garantir a qualidade e o bom resultado do tecido).
No século XVII, a fábrica de Chaillot, convertida em fábrica de tapetes, produziu tapetes grossos e resistentes, tornando-se uma marca de distinção, especialmente com as encomendas de Louis XIV para o Palácio de Versailles.
A Fábrica Chaillot, na verdade, refere-se à manufatura Savonnerie, estabelecimento que produzia tapetes finos, especialmente aqueles de estilo da Turquia, na região de Chaillot, em Paris. Inicialmente era uma fábrica de sabão, porém foi adaptada para a produção de tapetes de alta qualidade.
A Savonnerie ( em francês, Savon=sabão) teve origem em uma fábrica de sabão estabelecida por Pierre DuPont em 1615, no bairro de Chaillot. Em 1627, DuPont, juntamente com seu aprendiz Simon Loudet, recebeu uma patente para a produção de tapetes à maneira Turca e a manufatura tornou-se monopólio real.
Os tapetes eram feitos de lã e seda, com nós no estilo Gliordes e muitas vezes imitavam modelos persas.
A Savonnerie produzia tapetes para a Coroa francesa os quais, frequentemente, usados para presentes diplomáticos.
A fábrica funcionou até 1768 quando passou a ser propriedade da Manufatura Gobelins , continuando a produzir tapetes até os dias atuais , embora com uma produção menor.
O local da antiga fábrica de sabão e tapetes era o bairro Chaillot que se tornou conhecido como o local onde foi construído o Palais Chaillot, que abriga, atualmente, o Teatro de Chaillot, Museus e a Esplanada com vista para a Torre Eiffel.
Cidade de Abusson
A cidade de Aubusson e outras fábricas produziram tapeçarias conhecidas como Aubusson , especialmente aquelas chamadas “verdure” com desenhos de plantas e paisagens.
O tapete Aubusson é um tipo de tapete francês famoso por sua sofisticação e acabamento artesanal. É originário da cidade de Aubusson na França. É reconhecida por seus desenhos florais e geométricos, especialmente medalhões renascentistas.
Originalmente fabricada na França e utilizada pela realeza, a tapeçaria Aubusson hoje é produzida na China, mantendo os mesmos padrões de qualidade.